Se há coisa de que eu não gosto é de deitar dinheiro à rua e o desperdício alimentar é disso exemplo. Anualmente, em Portugal, cerca de 1 milhão de toneladas de alimentos vai para o lixo. Temos de combater esta situação, principalmente, quando há tantas pessoas numa situação financeira precária. Mas o que podemos fazer? Tal como em muitas outras situações da vida em sociedade, se todos contribuirmos um pouco os resultados serão bem mais visíveis. Deixo-vos algumas sugestões de práticas que já implementei cá em casa para combater o desperdício alimentar.
Planear as refeições
Já sabes que gosto de tudo organizado e cá em casa as refeições não fogem à regra. Ao domingo à noite, planeio as refeições para toda a semana. Faço uma ementa semanal com os pequenos-almoços, almoços, lanches e jantares de todos (podes encontrar o modelo para imprimir aqui). Para isso, vejo o que ainda tenho no frigorífico, consulto o inventário do congelador e da despensa e tento inspirar-me. Nem sempre é fácil e por isso, tenho uma lista (ahahahah sou mesmo a rapariga das listas) com as refeições que mais gostamos cá em casa e vou lá buscar ideias.
Ir às compras sempre com lista feita
Ao fazer a ementa semanal, vou assinalando o que é necessário comprar. Depois, passo esses produtos para uma aplicação que tenho no telemóvel, Listonic, onde faço as minhas listas de compras. Nesta aplicação, é possível criar várias listas e eu tenho uma lista por cada supermercado a que costumo ir.
Estar atenta às datas de validade
Tal como disse no artigo Como criar uma despensa, devemos sempre guardar os alimentos mais recentes atrás e os mais antigos à frente. O primeiro a entrar deverá ser o primeiro a sair. E porquê? Para evitar que produtos com datas de validade mais antigas fiquem esquecidos e que passem do prazo sem que os tenhamos consumido.
Perceber as indicações nas datas de validade
Uma data de validade que diz “Consumir até” é diferente da data que diz “Consumir de Preferência antes de”. Devemos perceber estas diferenças para não desperdiçar comida que ainda possa estar em condições de ser consumida. Assim, o “Consumir até” refere-se a produtos que, por uma questão de segurança, só podem mesmo ser consumidos até aquela data. Mesmo que ainda tenham bom aspeto e não apresentem mau cheiro, não deverão ser consumidos após a data de validade. É utilizada, principalmente, em alimentos perecíveis como lacticínios ou carne embalada. O “Consumir de Preferência antes de” significa que é seguro consumir o alimento após a data indicada. No entanto, o alimento poderá sofrer alterações de sabor ou textura. Ou seja, é seguro consumir o alimento, mas este poderá já não estar no seu melhor.
Os alimentos não têm de ser bonitos
Projetos como o da Fruta Feia fazem todo o sentido. Uma peça de fruta que não seja reluzente, seja mais pequena ou tenha imperfeições não tem pior sabor do que as outras. Quando vamos fazer as compras devemos ter isso em mente e não escolher apenas os alimentos que parecem perfeitos.
Aproveitar ao máximo os alimentos
Devemos tentar aproveitar ao máximo o que os alimentos nos dão. Muitas vezes, deitamos ao lixo partes dos alimentos que poderiam servir para algo mais. Podemos fazer caldos com os ossos que sobram ou as cabeças de peixe, tal como podemos usar as cascas de legumes ou os talos que normalmente não usamos.
Aprender a conservar os alimentos
Se guardarmos os alimentos devidamente, estes vão durar mais tempo. Devemos guardar os vegetais e a fruta na gaveta do frigorífico própria para isso, uma vez que a humidade aí retida ajuda a que durem mais tempo. Os alimentos quentes devem arrefecer antes de ser colocados no frigorífico. Devemos também acondicionar bem qualquer alimento, evitando o contacto com o ar. Por último, devemos verificar a temperatura do frigorifico e do congelador. Se estiverem nas temperaturas corretas, a comida irá durar mais.
Ter noção das quantidades que cozinhamos
Depois de algum tempo a cozinhar sempre para o mesmo número de pessoas, vamos percebendo quanto é que cada um come. Assim, com a experiência será fácil perceber as porções necessárias para as refeições de cada família. Se não gostam de sobras, tentem cozinhar na quantidade certa para que não resulte em comida a mais que acabará por ir para o lixo.
Aceitar as sobras
Sei que muitas pessoas não gostam de sobras. Eu, no entanto, não tenho qualquer problema em comer comida requentada, nem o resto da família tem. Além de não desperdiçarmos comida, estamos também a tornar a nossa vida mais prática e a evitar gastar tanta energia. Quando faço arroz, por exemplo, faço sempre a mais já a contar com aqueles dias em que os almoços são a correr.
Reinventar as sobras
Aproveitar as sobras não significa, no entanto, comer exatamente o mesmo. Podemos dar asas à nossa imaginação e de um arroz, fazer uma salada de arroz, de umas batatas fritas, fazer uma tortilha ou de algum frango que sobrou, uma quiche.
Congelar o excesso
Compraste vegetais a mais e sabes que não os vai utilizar tão cedo? Ou fizeste comida a mais e não queres comer logo nos dias a seguir? Podes sempre congelar em vez de deixar estragar. Dessa forma, quando compro vegetais para a sopa, compro sempre em mais quantidade, preparo tudo e depois guardo em sacos adequados no congelador. Na próxima sopa, já tenho menos trabalho: é só tirar do congelador e colocar na panela.
Aproveitar produtos perto do fim da validade
Em muitos supermercados, podemos encontrar produtos perto do fim da validade a um valor mais baixo. Já existe, há algum tempo, uma loja online, em que a maioria dos produtos está fora da data de consumo preferencial, a GoodAfter. Assim também chegou ao mercado a Toogoodtogo, em que através da aplicação podemos comprar produtos de restaurantes, supermercados ou padarias a um preço mais reduzido e que de outra forma iriam para o lixo.
Espero que estas dicas te ajudem a reduzir o desperdício alimentar. O que já costumas fazer para o evitar? Deixa uma mensagem, mais abaixo, nos comentários.
Até à próxima,
Irene
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